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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Proteção contra a Leishmaniose...

Divulgando, de Blog Mais Bichos
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Terça-feira, 27 de novembro de 2012 11:00 am

Leishmaniose assusta moradores do Lago Sul em Brasília

por CLARA CAMPOLI,  do Correio Braziliense 
  
Por onde passa, a professora de arquitetura Beatriz de Abreu e Lima distribui panfletos para alertar as pessoas sobre os perigos da leishmaniose. Entre as informações, consta que na quadra dela, a QL 20 do Lago Sul, pelo menos sete cães morreram por causa da doença. No Distrito Federal, até o fim de outubro, 406 cachorros foram diagnosticados com o parasita. Dos 26 casos humanos identificados, um foi na região em que Beatriz mora. 
 
Dona da cadela Moleca, Beatriz 
 começou uma campanha de 
conscientização sobre a doença 
foto Ed Alves/Correio Braziliense 


A preocupação veio no começo do mês, quando ela soube que um cão de uma vizinha tinha sido sacrificado em decorrência da doença. “Quando ela me falou, eu me assustei. Um caso? Escrevi o folheto e percorri as ruas vizinhas, falando com as pessoas. Aí, me informavam de episódios em outros lares. Fui entrando em contato, deixei folhetos em todas as caixas de correio”, lembra. Beatriz falou com todos os donos de animais e descobriu que pelo menos sete tinham sido infectados. 
A professora notou que muitos moradores não tomam medidas de prevenção contra a leishmaniose, tornando os cães e as pessoas alvos potenciais para o vetor da doença, o mosquito-palha, cujo nome científico é Lutzomyia longipalpis. “O que mais me surpreendeu não foi o número de casos. Diante do que eu já tinha visto divulgado a respeito da leishmaniose, me impressionei com o estado de desconhecimento das pessoas sobre como agir. Coisas básicas, como vacinar os cães. Em um bairro de poder aquisitivo tão alto, achei que todos os cães seriam vacinados”, destaca. 
O aumento dos episódios de leishmaniose na vizinhança foi percebido pela veterinária Keila Coelho, que atende em uma clínica no Lago Sul. “Esse ano recebemos muitos casos. Começamos a ver até mesmo em filhotes. Aqui, há muitos cães de grande porte como labradores, que ficam mais em quintal. O grande erro das pessoas é achar que os menores, que ficam em casa ou apartamento, não são suscetíveis à doença”, explica. 
O Lago Sul não é uma região endêmica da a leishmaniose, mas a prevenção é recomendada por estar próximo ao Lago Paranoá. O acúmulo de matéria orgânica úmida forma o ambiente ideal para a reprodução do vetor. “É preciso evitar ser picado pelo mosquito. Lixo e folhas velhas ficam molhados próximo a lagos, riachos e na sombra. Podem criar o ambiente propício para a reprodução do mosquito”, explica o Chefe do Núcleo de Controle de Endemias da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria de Saúde, Dalcy Albuquerque Filho. 
De acordo com Albuquerque, o que atrai o mosquito são os animais, e não só os cães. “O cachorro é complicado porque ele é um reservatório da doença. Mas se a pessoa tem galinheiro em casa, o mosquito pode voar até o quintal para picar as aves e acaba picando o humano ou o cão”, alerta. “Acho que isso tem a ver com esse limite abstrato do lote, as pessoas não entendem que as casas são interligadas com tudo e com todos. Somos uma comunidade”, defende Beatriz. 
O alerta sobre o perigo da leishmaniose vale também para quem não tem animais em casa. Como o vetor da doença é um mosquito, ele não restringe a alimentação aos cães próximos. “A transmissão não acontece porque o animal ou o canil é sujo. O canil pode ser limpinho, mas, se do lado tiver matéria orgânica úmida, o mosquito pode se reproduzir ali e voar para picar o animal. A comunidade, mesmo quem não tem cachorro, pode evitar depósitos de matéria orgânica para prevenir a chegada do mosquito”, alerta o chefe do Núcleo de Controle de Endemias da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Dalcy Albuquerque Filho. 
Beatriz de Abreu e Lima tem uma cadela de 2 anos, Moleca. A professora sempre se preocupou com a questão por ser proprietária de um animal. O que ela notou, ao conversar com os vizinhos, foi que quem não tem cães desconversa na hora, por achar que a leishmaniose é uma doença de cachorros. “Eles nem lêem os folhetos. Essas pessoas podem colaborar. Não têm cão, mas podem ser picadas pelo mosquito. A fruta podre no quintal desse vizinho pode servir como ambiente para o mosquito depositar os ovos. Essa ideia de que estamos sozinhos não existe, nunca existiu”, defende. Outra preocupação de Beatriz são casas vazias e sem manutenção, que podem ser pontos de reprodução tanto para o vetor da leishmaniose quanto da dengue. 
A motivação da professora não foi só Moleca — que usa coleira repelente e é vacinada —, mas a família e os vizinhos. “Na rua, sempre há bebês passeando durante o dia. Não gostaria que alguém tão pequeno tivesse uma doença horrível dessas. Foi por isso que eu comecei essa entrega dos folhetos. Pensei muito nas crianças. Os adultos são responsáveis por elas, os pequenos nem sabem do perigo”, afirma.

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